O Consumo de Múmias na Europa: Uma Prática Curiosa e Macabra


A história da humanidade está repleta de práticas peculiares e incomuns, e uma delas é o consumo de múmias. Durante séculos, especialmente na Europa, as múmias egípcias foram vistas como uma fonte de cura e poderes medicinais. Neste artigo, exploraremos a fascinante história por trás desse hábito bizarro e os detalhes sobre seu comércio, consumo e as implicações culturais e éticas associadas a essa prática.

As Múmias Egípcias
Origem e Significado: As múmias egípcias eram corpos preservados cuidadosamente por meio de técnicas de embalsamamento. Os antigos egípcios acreditavam na vida após a morte e, portanto, a preservação dos corpos era essencial para garantir a passagem segura para o além. Essas múmias eram consideradas sagradas e respeitadas como uma conexão com o mundo dos mortos. Os corpos mumificados eram colocados em tumbas ou templos como parte dos rituais funerários.

Acredita-se que a ideia de que os corpos mumificados possuíam poderes curativos tenha se desenvolvido a partir dessas crenças e rituais funerários.

O Caminho das Múmias até a Europa

O Egito estava sob o domínio do Império Otomano quando a exportação de múmias para o consumo começou. No entanto, à medida que o interesse europeu pela cultura egípcia aumentava, as potências europeias começaram a buscar maior influência no país. Isso culminou na ocupação britânica do Egito em 1882, que marcou o início de um período conhecido como "Protetorado Britânico do Egito". Foi nesse contexto de exploração e controle europeu que ocorreu o aumento do comércio de artefatos egípcios, incluindo as múmias, para a Europa.

A Crença nas Propriedades Medicinais das Múmias:
Durante a Idade Média e o Renascimento, surgiu a crença de que as múmias egípcias possuíam propriedades medicinais poderosas. Acreditava-se que o consumo de múmias poderia curar uma variedade de doenças e até mesmo aumentar a vitalidade e a longevidade. A prática de consumir múmias, especialmente as egípcias, foi bastante difundida durante os séculos XVII e XVIII, despertando fascínio e curiosidade.

O Comércio de Múmias: A Descoberta e a Demanda Crescente: Com a exploração e o interesse crescente pela cultura egípcia, os exploradores europeus começaram a descobrir múmias em tumbas e locais arqueológicos no Egito. Essas descobertas despertaram um grande interesse na Europa, e logo as múmias se tornaram itens valiosos de comércio.

O Consumo de Múmias na Europa:

Durante o período em que o comércio de múmias era comum na Europa, não era ilegal vendê-las. Na verdade, elas eram comercializadas abertamente em diferentes formas, como pó de múmia, óleos, resinas e até mesmo como múmias completas. Havia um mercado estabelecido para esses produtos e eles eram vendidos em lojas especializadas, farmácias e até mesmo em leilões.

Formas de Consumo: As múmias eram utilizadas de diferentes formas na Europa. O pó de múmia, derivado da trituração das múmias, era frequentemente misturado com outras substâncias, como mel, óleos ou vinho, para ser consumido como um elixir medicinal. Algumas pessoas até mesmo inalavam o pó ou o aplicavam topicamente em feridas e lesões. Além disso, partes do corpo das múmias, como ossos, órgãos e fragmentos da própria múmia, eram vendidas como relíquias e amuletos.

Muitos acreditavam firmemente nos poderes curativos das múmias e viam o consumo como uma maneira legítima de buscar saúde e bem-estar. A prática era especialmente popular entre as classes mais altas da sociedade, que tinham acesso a esses objetos exóticos e caros.

Questionamentos Éticos: No entanto, o consumo de múmias também gerava controvérsias e críticas. A ideia de usar os restos mortais de seres humanos para fins medicinais levantava questões éticas e morais, especialmente quando consideramos o respeito pela cultura e religião dos antigos egípcios.

Declínio e Proibição

À medida que a ciência avançava e os conhecimentos médicos se aprimoravam, e a
valorização da pesquisa científica crescia, a crença nos poderes medicinais das múmias começou a ser questionada. No final do século XIX, os avanços científicos e a compreensão da anatomia humana desacreditaram as supostas propriedades curativas das múmias.

Além disso, a consciência sobre a importância da preservação do patrimônio cultural e a ética envolvida no comércio de restos humanos foram ganhando destaque. A crescente valorização da cultura e história egípcias levou a um maior respeito pelos artefatos e restos mortais, resultando em uma mudança de perspectiva em relação ao consumo de múmias.

A prática de consumir múmias foi gradualmente desacreditada e considerada repugnante.

Consequentemente, o comércio de múmias foi proibido em muitos países, como uma forma de preservar o patrimônio cultural e histórico do Egito e de outras civilizações antigas. A conscientização sobre as questões éticas e a valorização da pesquisa científica têm contribuído para a regulamentação e a proteção adequada desses artefatos.

Conclusão

O consumo de múmias na Europa é um exemplo fascinante de como crenças e práticas culturais podem moldar a história e as atitudes em relação à medicina. Embora tenha sido uma prática comum por séculos, o declínio do consumo de múmias reflete uma maior conscientização ética e uma compreensão científica mais avançada. Hoje, as múmias egípcias são valorizadas principalmente por seu significado histórico e cultural, preservadas em museus como testemunhas de uma civilização antiga e fascinante.


Postar um comentário

0 Comentários