No sistema Kahuna, um dos principais obstáculos à cura e ao equilíbrio emocional é o complexo de culpa, que afeta profundamente o funcionamento do ser humano. O eu inferior, a parte mais primitiva e emocional da psique, é considerado a principal instância responsável por armazenar crenças e padrões que moldam nossas reações e experiências. Quando o eu inferior(subconsciente) desenvolve um complexo de culpa, este pode se tornar uma fixação, dificultando a conexão com o Eu Superior e impedindo a cura de diversas formas.
O Eu Inferior: Sem Senso de Certo e Errado
No contexto do sistema Kahuna, o eu inferior é descrito como uma consciência primitiva, semelhante ao estado animal. Ele não possui um senso próprio de certo e errado, e sim, aprende essas distinções com o eu médio, o eu consciente, a parte da psique que é responsável pela razão e o pensamento lógico. O eu médio, com seu poder de raciocínio, estabelece o que considera certo ou errado, transmitindo essa compreensão ao eu inferior. Porém, essa transferência de julgamento não é feita com a flexibilidade do pensamento racional, mas sim com uma aceitação automática.
Esse processo de "ensinar" o eu inferior sobre certo e errado, bom e mal se dá na infância e forma os complexos emocionais. Quando o eu médio toma uma decisão sobre uma ação, esse julgamento é impresso no eu inferior como uma forma de pensamento, o que pode resultar na criação de fixações emocionais. Depois, na vida adulta o eu inferior só replica esse repertório de decisões já tomadas sobre o que é permitido. O complexo de culpa surge de maneira surpreendente e automática: quando o eu inferior presencia ou é parte de uma ação que resulta em dano a outro, ele internaliza uma verdade absoluta criando uma fixação emocional profunda. Esse complexo é reforçado pela experiência física real do dano causado, e o eu inferior sente que a culpa é um fato a ser carregado.
Uma das consequências mais graves dessa fixação é a incapacidade do eu inferior de estabelecer uma comunicação saudável com o Eu Superior. Quando o eu inferior está convencido de que a pessoa é culpada de um erro, ele se sente envergonhado e evita o contato com o Eu Superior. Isso resulta no que os Kahunas chamam de "bloqueio do caminho" — um bloqueio energético que impede que as orações e pedidos de ajuda cheguem ao Eu Superior uma vez que é ele quem faz a comunicação entre o eu médio e o eu superior.. Em outras palavras, quando o eu inferior carrega a culpa, ele impede o fluxo de energia curativa e espiritual, criando um círculo vicioso que leva a mais erros e problemas na vida do indivíduo.
O Eu Inferior e a Resistência à Cura ou ao Progresso
Uma das dificuldades mais evidentes em lidar com o eu inferior é sua resistência a processos de cura. Quando uma pessoa tenta mudar uma condição, como uma doença ou problema emocional, o eu inferior frequentemente rejeita as sugestões de cura, considerando-as meras "imaginações". Isso ocorre porque o eu inferior está profundamente condicionado a acreditar apenas no que é tangível e verificável pelos sentidos físicos. Em situações de cura, como quando um curador sugere que a pessoa está curada, o eu inferior tende a ignorar essas sugestões, uma vez que não há estímulo físico concreto para apoiar a afirmação.
Essa resistência também se aplica a outros aspectos da vida, como quando alguém ora por algo, como uma casa ou uma nova oportunidade, mas não apresenta uma evidência tangível. Nesse contexto, a fé e o pensamento positivo por si só não são suficientes para convencer o eu inferior de que o que foi desejado está se manifestando. O eu inferior precisa de estímulos concretos, algo palpável, para que possa acreditar na transformação.
O Papel do Estímulo Físico na Cura
Os Kahunas entenderam que a combinação de sugestão mental e estímulo físico era essencial para alcançar a cura tanto quanto para realizar desejos. O uso de elementos tangíveis, como água em cerimônias religiosas ou remédios físicos acompanhados de sugestões de cura, era uma prática comum para impressionar o eu inferior. Esses estímulos físicos são eficazes porque o eu inferior, que está acostumado a processar estímulos concretos, pode aceitar mais facilmente uma sugestão de cura quando ela é acompanhada por um sinal físico, como a ingestão de um remédio ou o toque de uma substância.
Esse princípio pode ser observado em diversas práticas espirituais e terapêuticas, onde a combinação de palavras e objetos físicos fortalece a sugestão mental. Ao criar um vínculo entre o que é dito e o que é fisicamente tangível, o curador pode ajudar o eu inferior a "acreditar" na cura e permitir que ela ocorra.
Como Max Freedom Long descreve em A Ciência Secreta por detrás dos Milagres, "O eu inferior está acostumado a ter o eu médio IMAGINANDO coisas o dia todo. [...] Por causa disso, o eu inferior, quando contado por sugestão de que está curado de uma doença, inclina-se a considerar tal afirmação apenas outra imaginação. Está bastante convencido de que está doente e que nada foi feito para curá-lo."
O Potencial do Sono e da Sugestão
Outro aspecto importante abordado pelos Kahunas é o uso do sono como um momento ideal para a sugestão. Durante o sono, o eu inferior está mais receptivo a sugestões, pois permanece sensível ao som e à palavra falada. Ao contrário da sugestão hipnótica, que requer indução profunda, a sugestão no estado de sono pode ser realizada com a simples palavra falada, seja por uma gravação ou por um curador presente. Esse processo de sugestão no estado de sono é uma forma eficaz de reprogramar o eu inferior, permitindo que ele libere bloqueios emocionais e aceita novas crenças ou curas.
Conclusão
O complexo de culpa e a fixação no eu inferior são temas centrais no sistema Kahuna e desempenham um papel significativo no bloqueio da cura e do equilíbrio emocional. A culpa, uma vez internalizada, não é apenas um sentimento passageiro, mas uma crença profunda que pode impedir a conexão com o Eu Superior e a manifestação de mudanças positivas na vida. Para remover esse complexo, os Kahunas recomendam uma combinação de sugestões lógicas, estímulos físicos e o uso do estado de sono para reprogramar o eu inferior. Somente quando o eu inferior libera essas fixações é que a verdadeira cura pode ocorrer, permitindo que o indivíduo alcance o equilíbrio espiritual, emocional e físico.4o mini
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