ORIXÁS, Forças da Natureza - Mitologia Iorubá

Os orixás são divindades da mitologia africana iorubá. De acordo com a crença iorubá, Olodumare também conhecido como Olorum, é imenso demais para a mente humana compreender e assim emanou diferentes aspectos de si mesmo, cada um dos quais recebeu uma certa esfera de influência para governar, como o  domínio do ar, do fogo e assim por diante.

Olodumaré não aceita oferendas, pois como é o criador de tudo tem poder sobre tudo e não há nada que ele não possua. Os orixás representam os elementos da natureza e Olodumaré é a junção de todos.

É dito que os Orixás existem para ajudar os humanos a alcançarem seu objetivo de autorrealização, mas essas entidades não são perfeitas e às vezes até atrapalham as pessoas, muitas vezes sem querer, porque cada um tem sua própria personalidade e falhas, assim como os humanos. Eles como os humanos estão em constante evolução e é por isso também que entendem os sentimentos e as confusões em que se enfiam.

Mitologia Olodumare e os Orixás Rebeldes

Embora os Orixás fossem aspectos da expressão única da existência, eles também eram seres autônomos com suas próprias personalidades, desejos e falhas, podendo expressar emoções mundanas, ficar ciumentos, deprimidos, zangados e rancorosos. Além disso, segundo a mitologia eles periodicamente inventavam esquemas para se rebelar contra Olodumare e reinar em seu lugar.

Em um conto, os Orixás se reúnem para discutir como poderiam se livrar de Olodumare para governar em seu lugar...eles decidem assustá-lo até a morte, convidando-o para uma de suas cabanas e depois soltando ratos,  o que Olodumare temia.

 Os Orixás orgulhosos de seu plano, esqueceram de incluir Exu no que estavam fazendo. No entanto, como sua esfera são as portas, encruzilhadas e caminhos, Exu  estava presente na porta quando o plano foi feito, então conhecia o plano deles.

No dia determinado, Olodumare compareceu  à cabana do Orixá, assim que o limiar foi cruzado, a porta se fechou e centenas de ratos foram soltos correndo pelo chão. Olodumare ficou apavorado mas Exu apareceu, acalmou a divindade e rapidamente comeu todos os ratos. 

Olodumare exigiu saber quem havia feito isso, e Exu apontou os culpados que foram punidos rapidamente. Exu foi recompensado com o dom de ser capaz de fazer o que quisesse, quando quisesse, sem restrições ou consequências, permitindo que ele se tornasse uma figura trapaceira que interfere livremente na vida dos outros (por razões conhecidas apenas por ele) incentivando a transformação.

Em outra história, os Orixás se recusam a obedecer  Olodumare porque querem o poder de governar o mundo como bem entenderem sem consultar mais ninguém. Exu corre para o reino de Orun de Olodumare com as notícias, e Olodumare para as chuvas. A terra começa a morrer à medida que as colheitas falham e lagos e rios secam, e os Orixás lamentam, e caem no arrependimento, mas Olodumare não os ouve. 

Oxum se transforma em pavão e voa para o Orun mas, ao passar muito perto do sol, perde a maior parte de suas penas e, por ser tão longa a viagem, chega exausta e doente, mas ainda entrega a mensagem de contrição dos Orixás. Olodumare libera as chuvas, cura Oxum, e a declara a única Orixá sempre bem vinda para trazer mensagens para Orun.

Segundo a mitologia, os Orixás foram os primeiros seres que habitaram a Terra.

Deve-se reconhecer que cada Orixá é uma emanação de Olodumare e, portanto, o ser supremo está ciente de cada oração, agradecimento ou súplica a qualquer Orixá.

Embora existam muitos Orixás alguns são entendidos como os mais poderosos e se tornaram os mais populares entre os adeptos modernos:

Exú

Exú é o orixá intermediário e mensageiro, responsável pela comunicação entre os orixás e os homens. Exú é o guardião dos caminhos, é capaz de derrubar barreiras. O Exú é, por vezes, interpretado como uma divindade má, mas na mitologia iorubá não existe a representação do mau. Assim como os outros orixás e seres humanos, o Exú tem virtudes e defeitos e pode agir para o bem e para o mau.

Representação no cristianismo: Santo Antônio

Oxalá

Oxalá  é o orixá da criação, é uma divindade masculina, ele é o criador de todos os seres e pai de todos os orixás - com exceção de Logunedé. Ele representa o sol, a criação e a vida. Segundo a mitologia iorubá, Oxalá tentou criar os seres humanos com vários materiais, mas só conseguiu quando utilizou o barro. Sua cor é o branco e o metal, o alumínio. 

Representação no cristianismo: Jesus Cristo

Oxum

Oxum é uma divindade feminina, ela é dona da água doce, dos rios e das cachoeiras. Representa a delicadeza, a sexualidade, a vaidade a fecundidade e a maternidade. Seus metais são o cobre, na África, e o latão dourado, no Brasil. Sua representação social é o amor. 

Representação no cristianismo: Nossa Senhora Aparecida ou Nossa Senhora de Fátima

Oxumaré

Oxumaré é filho de Nanã, é  o orixá do arco-íris, a divindade do movimento, do ciclo vital. Esse orixá é homem e mulher ao mesmo tempo, ele representa as dualidades, como o dia e a noite, o bem e o mal. Responsável pelos dias, pelos anos, pela sucessão de tudo o que ocorre na natureza. Representa a continuidade.

Representação no cristianismo: São Bartolomeu

Ogum

Ogun é orixá das guerras. Ogum é o orixá que representa a luta, as conquistas, ele é o deus da guerra e o arquétipo do guerreiro. Ele é o senhor da guerra e padroeiro de todos os trabalhadores cujo ofício exige a utilização de ferramentas.

É simbolizado por uma haste curvada, como uma espada. Foi sincretizado na Bahia com Santo Antônio e no Rio de Janeiro, com São Jorge. Na África é o orixá dos caçadores. O metal de Ogun é o ferro.

Representação no cristianismo: São Jorge ou Santo Antônio

Oxóssi

É filho de Yemanjá, juntamente com Ogun e Exú. Oxóssi vive nas florestas e representa a fartura, é protetor dos caçadores e rege as lavouras, seu símbolo é o arco e flecha. Ele pode imitar o som dos animais com perfeição, é um caçador valente e generoso. O metal de Oxossi é o bronze e suas ferramentas são o arco e a flecha

Representação no cristianismo: São Sebastião  

Xangô

 Na mitologia iorubá, xangô é rei, por isso é o orixá que cuida do poder, da administração e da justiça. Ele age com neutralidade, é reconhecido pelas sábias decisões e é íntegro.É o orixá do trovão e das tempestades. Seu metal é o cobre e seus poderes são o raio e o fogo. 

Representação no cristianismo: São Pedro ou São Jerônimo

Iansã OU Yansan

Yansan é um orixá feminino, uma guerreira poderosa, responsável por levar as almas para o céu.

É simbolizada com chifres de búfalo e sua arma é a adaga.

Iansã é a senhora dos ventos, dos trovões, das tempestades, domina dos raios e os espíritos e representa as mudanças rápidas. 

Representação no cristianismo:  É sincretizada com Santa Bárbara. 

Iemanjá

Iemanjá é considerada a mãe de todos os orixás - com exceção de Logunedé -, é a grande mãe e rege a educação, a família e as uniões. Ela é a rainha dos mares, protetora dos marinheiros e um dos orixás mais famosos no Brasil. O axé de Yemanjá está em pedras do mar, conchas marinhas e vasos de porcelana azuis. Seu metal é a prata. 

Tem o sincretismo com as lendas nórdicas que a associam à sereia. É considerada a mãe das águas. A festa de Yemanjá acontece no dia 31 de dezembro.

Representação no cristianismo: Nossa Senhora da Conceição ou Nossa Senhora dos Navegantes

Nanã

Nanã é uma divindade mulher, que representa a maternidade, a vida e a morte. É o orixá feminino mais velho. Segundo a lenda iorubá, foi Nanã quem sugeriu a Oxalá usar o barro para a criação dos seres humanos. É o orixá que preside as águas profundas, os pântanos escuros e os nevoeiros.

Representação no cristianismo: Nossa Senhora Ana, a mãe da Virgem Maria

Omolú

Omolú é um grande e respeitado feiticeiro, é o senhor da vida e da morte e deus da medicina. Ele é responsável pela passagem de um plano para o outro, por guiar os espíritos para uma nova vida - atua em hospitais e cemitérios.

Representação no cristianismo: São Lázaro 

Logunedé 

Logunedé é filho de Oxóssi e Oxum e dono de uma beleza ímpar. É um exímio caçador e pescador e tem expressões masculinas e femininas. Seja nas águas doces, ou na terra, ele age com paciência e sabedoria para alcançar o que deseja.

Representação no cristianismo: Santo Expedito

Ossain

Ossain é o orixá das matas, dono das folhas e das ervas e vive na floresta. É  o orixá das plantas sagradas e milagrosas e através das quais se consegue realizar a cura de diversos males. É o orixá da medicina.